terça-feira, 23 de março de 2010

Um pouco da Amazônia...



AMAZÔNIA, um mundo diferente (1)
“Eu posso afirmar, sem medo de errar, que, se essa floresta for derrubada, ou mesmo substituída por outro tipo de vegetação, dentro de poucos anos não restará mais nada por aqui a não ser um imenso e desolador deserto.” (Dr.Schubart)
ÁREA E LOCALIZAÇÃO
A bacia amazônica abrange territórios dos seguintes países da América do Sul: Brasil, Colômbia, Venezuela, Peru, Equador, Bolívia e Guiana Britânica. Compreende uma área total de mais de 6,5 milhões de km2. Trata-se de “uma unidade regional que permite considerar o conjunto amazônico como um mundo particular dentro do mundo sulamericano”. (Ferreira Reis )(1)
A Amazônia brasileira consta de 4 milhões de km². Quais as terras do Brasil que formam parte dela? São os estados de Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e partes dos estados de Tocantíns, Maranhão, Matto Grosso e Goiás.
O RIO AMAZONAS
“Rio majestoso que encerra uma décima das águas fluviais de todo o globo.” (Teodoro Roosevelt) (2)O rio Amazonas, eixo da bacia, principal do conjunto fluvial da volumosa massa dágua possui 6.294 km. O Amazonas foi descoberto em 1540 pelo espanhol Orelhana: “O primeiro explorador da volumosa artéria, egressou do Peru, nas aperturas dum combate malogrado, mal escapou das frechas selvagens, criou a lenda das Amazonas, mulheres guerreiras que conseguiram, afinal, dar o nome da tribo ao rio”. (Raymundo Moraes) (3) Recebe quase 200 afluentes, dos quais uns 100 são navegáveis e tendo 17 deles de 1.500 a 3.600 km Despeja no oceano maior quantia dágua que o Mississipi e o Nilo juntos. “O Amazonas pode ser navegado por grandes transatlânticos ao longo de todo o seu curso em território brasileiro.” (Nash )(4)
O Amazonas e a floresta
“ O Amazonas é o rio mais caudaloso do mundo. Suas águas correm do ocidente para o oriente, do ocaso para o levante, dos Andes para o Atlântico. A parte mais importante do seu curso demora quase toda na linha do equador, ao passo que a bacia formada pelos seus afluentes se alonga por muitos graus ao norte e ao sul deste círculo. Essa bacia equatorial gigantesca se acha dominada por imensa floresta –a maior do mundo- não se podendo compará-la a qualquer outra, exceto as da Malásia, e Africa Ocidental.” (Roosevelt)
As enchentes
Muito variáveis são as alturas das enchentes do Amazonas: “No curso inferior do Amazonas, abaixo de Obidos, a enchente máxima nunca excede a 12 ms sobre a jusante mínima. Em Tefé, porém, no alto Amazonas, são 2 as convulsões anuais do rio-mar: uma de apenas 5 ms em novembro e dezembro e outra de 15 ms em junho. As artérias entumecidas da região do Purús elevam-se de 20 ms, quando o caudal se enraivece”. (Nash)
O Amazonas constroi
“Constroi, porque nas descidas das águas fertiliza, com os sedimentos vários que deixa sobre as margens, permitindo aquelas lavouras alimentares que garantem ao homem o necessário para a acometida que ele realiza sobre a floresta. Essas margens baixas, e assim tão úteis, lavadas e adubadas são as várzeas, que por tal se distinguem das chamadas terras firmes”. (Ferreira Reis)
O Amazonas destroi
“Destroi porque na época do crescimento das águas, inunda vastíssimas áreas onde vivem os rebanhos, onde se faz a pequena agricultura de intenção alimentar, matando os rebanhos, destruindo as lavouras. O fenômeno das terras caídas toma proporções nesse período: enormes trechos das margens altas do rio e seus afluentes desabam, comidas pelas águas, tudo arrastando, inclusive gigantescos especímes da flora regional”. (Ferreira Reis)
As inundações
Vejamos como Raymundo Moraes nos descreve as inundações do grande rio:“A floresta farfulha debatendo-se na fúria desencadeada dos ventos. As árvores inclinam-se, arqueiam-se, perdem as copas quando não é o raio, numa linha quebrada e incandescente, que as fulmina lascando-as em duas, de alto a baixo. A natureza enfurecida urra sinistramente, apavorando animais e homens. A água todavia, continua a subir. Vai engolindo as faixas post-quaternárias, as várzeas e os tesos das campinas onde pastam os rebanhos. Os habitantes alarmam-se. Têm o pressentimento funesto de que a cheia ao contrário das cheias normais, traga a inundação destruidora de muitas épocas memoráveis. A fim de atenuar a desgraça, armam-se as marimbas para o gado, largos giraus de achas grossas e resistentes, sobre os quais a manada sobe e espera a estiada. Ao largo, no fio crespo da corrente, descem de bubuia, rumo da foz, os troncos de paus povoados de aves, as ilhas flutuantes de canarana agasalhando cobras, as canoas arrancadas aos portos, as bolas de borracha arrebatadas aos terreiros e as sementes vegetais das cordilheiras, que fazem, numa transplantação de selvas opostas, a flora do estuário, em alagadiços, ter semelhanças com a flora das nascentes, nos altiplanos.” E as chuvas continuam, invadindo campinas e florestas: “É o dilúvio! As marombas foram atingidas. Com as pernas mergulhadas semana a semana consecutiva, com os cascos descolados e o couro rachado, caem mortos os bezerros e as vitelas, as novilhas e os garrotes. Os fazendeiros e os agregados que se acham nas imediações, com as bagagens embarcadas em canoas e batelões, esperançados de que o desastre não fosse tamanho, mudaram-se para os firmes longinquos e transportam, nas suas pequenas arcas de Noé, as rezes que escapam. De 2 ou 3 mil cabeças restam 200, 300. Quem tinha 20, 30, fica reduzido a 5, 6 . É a miséria!” (Raymundo Moraes)
A metamorfose
“A principal característica do Amazonas é a metamorfose. Para fixar suas linhas de drenagem, na construção das molduras que o apertam no canyon, apaga de noite o que delineou de dia. Solapa, roe, gasta, para mais adiante restaurar. Os vastos cananaes que faziam a fortuna dos municípios de Santarem, Alenquer, Obidos e Parintins, contam-se no presente pela terça parte. Foi a corrente que os reduziu, foi a inundação que os matou. Campos extensos, rasgados a braços na gleba litoránea, com casas a 500 m da calha, na volta de 5 anos não existem mais, engulidos pela voragem fluvial. A ilha de Muratuba, pouco acima da foz do Trombetas, uma das mais povoadas, farta de plantações, extinguiu-se na investida de 3 enchentes. Manicoré, cidade do Madeira, está condenada” … (Raymundo Moraes)

Notas do texto:
(1)Reis, Arthur César Ferreira “O Impacto Amazônico na Civilização Brasileira” Rio de Janeiro, 1972.
(2)Roosevelt, Teodoro “Nas Selvas do Brasil” Imprensa Nacional. Rio de Janeiro, 1848
(3)Moraes, Raymundo “Na Planície Amazônica” Cia.Edit.Nal. São Paulo, 1938
(4)Nash, Rey “A Conquista do Brasil” Cia.Edit.Nal.São Paulo 1960http://my.opera.com/community/
Fotografia: aldimarreis@yahoo.com.br (Dinho Reis) " * caboclos pescadores na boca do Rio Manicoré - AM)".

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